A costureira Terezinha de Jesus Carvalho, de 57 anos, paga R$ 250 para morar com os dois filhos em três cômodos nos fundos de um lote, em ...
O Ministério das Cidades analisou a situação no país e constatou que o DF está em sexto lugar no ranking de déficit habitacional. A pesquisa mostra que faltam mais de 105 mil moradias, principalmente, entre a população mais pobre; 86% dessas pessoas ganham até três salários mínimos e comprometem uma grande parte da renda com aluguel. Sem opção, eles vivem amontoados em pequenos espaços.
Mas a classe média também sofre. O maior obstáculo é o preço dos imóveis. A média do metro quadrado no DF é a mais cara do país: R$ 7 ou R$ 8 mil no Plano Piloto; R$ 9 mil no Sudoeste. “Um apartamento aqui de três quartos, um apartamento médio, é o preço de uma fazenda em Minas. É muito caro”, destaca o bancário Aguinaldo Tadeu.
“O valor é alto por estarmos – especialmente, na Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste e Noroeste - numa área tombada, onde não há espaço para aumento de cotas ou aumento de áreas construídas. O próprio preço das projeções puxa o valor pra cima”, explica o presidente do Sindicato da Habitação, Carlos Hiram Bentes David.
Também puxam os valores dos imóveis para cima o fato de termos a maior renda por habitante do país, crédito na praça e mais procura que oferta, o que provoca a especulação imobiliária. “Acho que as pessoas acham que o pessoal de Brasília é tudo rico, acho que pensam que todo mundo é do Lago Sul, da Asa Sul, da Asa Norte e Sudoeste”, afirma o administrador Rodrigo de Carvalho.
Faltam políticas habitacionais eficientes. A maior investida do governo, até agora, foi a distribuição de 140 mil lotes desde a década de 90. Atualmente, 360 mil pessoas estão inscritas na lista de espera, que é alvo de suspeitas de fraudes.
Matéria do DFTV de agosto mostrou que, segundo a polícia, processos de pessoas com pontuação suficiente para conseguir um lote eram retirados da Codhab e entregues a criminosos que falsificavam a assinatura dos verdadeiros beneficiários e recebiam os lotes. A suspeita é de que, quem pagava, conseguia a autorização da Companhia de Desenvolvimento Habitacional para ocupar o terreno - só que muitos desses lotes eram falsos.
Para o professor Frederico Flósculo Pinheiro Barreto, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, a solução para reduzir o déficit habitacional pode estar no desenvolvimento do Entorno. Além de aumentar a oferta de casas, é uma forma de evitar o inchaço da capital. Para que isso seja posto em prática, vale refletir sobre as propostas dos candidatos e votar com responsabilidade.
“Você pode ter dois eleitores: o eleitor que está de olho no futuro e tem responsabilidade civil, cívica, social, por esse tipo de proposta. E o eleitor oportunista, que está interessado no lote e no crescimento imediato e no lucro que pensa que está a ter com o adensamento da capital federal”, ressalta.
A costureira Terezinha, que está há 21 anos na fila do lote, tenta ver um horizonte para a solução do problema. “Vou continuar pagando aluguel, mas eu espero que não seja pro resto da vida. Agora, não vou invadir e nem comprar porque não posso. Vou continuar esperando com honestidade”, conta.
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